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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Criança Interior


De novo e novamente um post light, no entanto um pouco menos light do que foi "Paixão por Ler e Escrever"", mas vamos lá. Este post tem embasamento em algo que ouvi meu pai dizer não diretamente pra mim, mas para todos os alunos do curso de teatro, e suas palavras me fizeram perceber que me encaixo na situação por ele descrita. E dou-lhes uma pista caso ainda não tenham descoberto do que se trata o post: ele fala sobre nossas crianças interiores (ah vá...). Ah, e antes que vocês pensem: não, não é uma foto minha do futuro e outra do passado, apesar dos óculos, da cara redonda e do cabelo preto. Não, esse não sou eu, mas peguei a foto porque até combina um pouco com minhas "condições físicas".
Muitos acabam esquecendo-se do que é a nossa criança interior: ela é simplesmente o nosso lado de criança que ficou dentro de nós mas que nunca morreu, pois uma parte nossa não pode morrer sem que todo o resto morra juntamente com ela. Isso inclui nosso lado criança, nosso lado adolescente e porque não dizer, o nosso lado adulto também, quando já somos idosos. Ela está lá, guardada dentro de nós, no fundo de nosso âmago, ela está aqui, tenham certeza disso, caros leitores.
Bom, voltando à aula de teatro referida, meu pai falava sobre manter nossa criança interior bem viva e deixar que ela nos leve através do palco, com ações amalucadas e inesperadas, contanto que as mesmas tornem a apresentação mais divertida. E logo após, ele disse mais ou menos isso: "No entanto, existem adultos que são crianças até hoje, pois soltaram demais sua criança interior. São crianções. Isso é mau, mas também mau você amadurecer rápido demais, ser muito sério e reservado, isolado. Amadurecer rápido demais também pode matar sua criança interior". Foi ai que eu percebi: eu começara a matar minha própria criança interior. Não por ser o 1º caso citado por ele, mas por ser o 2º. Eu mesmo sei que sou muito desenvolvido, que me desenvolvi demais e muitas vezes isso me traz elogios pela parte dos adultos, que se impressionam com um adolescente tão maduro quanto eles (e algumas vezes até mais) e com tão pouca idade. Pois é, só que descobri que isso acaba não sendo somente objeto para elogios.
Sou reservado sim, sou sério sim, e sinto como se não me encaixasse nesse "mundo adolescente" de hoje: baladas, bebedeiras, festas, festanças, curtições, azaração, pegação e coisas a fins. Sinto-me um tanto quanto deslocado em relação a essa maioria esmagadora, e acho que começo a entender o por que: porque eu começara a matar minha criança interior. No entanto sei que ela não está morta, não pelo fato somente de eu estar vivo, mas vejo que em alguns casos e situações, ela toma conta de mim, como por exemplo quando escrevo minhas histórias, cheias de aventura, comédia e ação, ou quando vejo animes com as mesmas temáticas das minhas histórias. Acho que é uma manifestação do meu lado criança, algo como um: "Você pode até não perceber, mas eu ainda estou aqui".
E não somente nesses casos, mas também quando estou com meus amigos, falando e fazendo bobagem e curtindo a juventude dos nossos jeitos, e apesar deles também não serem da maioria esmagadora, sinto como se eles estivessem mais conectados à ela do que eu.
Não matem sua criança interior. Deixe-a viver e ser livre para levar você a um mundo de prazeres e alegrias infantis, um mundo onde tudo é mágico e belo, onde fantasias o sonhos se mesclam com a nossa realidade. Deixem-se ser crianças, pois são elas, aqui dentro de cada um de nós, que nos impulsiona ao fantástico, ao involuntário, ao impensado ato que fazemos em determinados momentos, portanto são elas que nos levam a curtir mais nossas vidas, que fazem crer que novamente tudo é possível, mágico, belo, alegre, prazeroso e infantil. E sabem o que mais engraçado nisso? É que não importa a idade, não importa as experiências e coisas que tenhamos visto ao longo de nossas vidas, esses nossos "lados crianças" estão sempre certos ao dizerem como o mundo deve ser visto e aproveitado por nós.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Paixão por Ler e Escrever


Depois de um mês sem postar nada, venho com um post mais "light" (meu blog estava ficando muito crítico, não acham?). Bom, de qualquer forma, dessa vez não vim (a princípio) pra criticar algo ou alguém, e sim para falar um pouco mais deste que vos escreve e também daqueles que compartilham das mesmas paixões: ler e escrever (como já diz o título do post). Não lembro exatamente em que ano começou, mas lembro que quando ainda estava no colégio, tive um "surto literário", aliás, mais de um. Do 1º eu lembro muito bem da ocasião, mas do 2º não, e são respectivamente nessa ordem: escrever e ler.
Meu velho amigo Tacito (não é tácito: Que não está declarado mas que se subentende; Que não usa palavras ou a voz; Que não se mostra; Sossegado, calmo. Pelo contrário, ele não é nada disso) certo dia, resolveu desenvolver uma história que havia feito para a professora numa redação e que a sala gostou, pois a história era cômica; então, chamou os amigos (incluindo a mim) para opinar na história, dizendo até que poderíamos interpretá-la. Bom, ele escolheu o meu personagem e eu gostei da escolha, pois era o que eu mais gostara, no entanto o "figurino" era um tanto quanto errôneo, então argumentei que ficaria ruim de usar tal figurino, para que ele, como líder e autor, fizesse algumas mudanças para tornar a possível interpretação. Então ele, como líder autoritário que foi, disse que não mudaria nada, se irritando comigo pela minha argumentação, alegando que a história era dele, assim seria e não mudaria. Eu, orgulhoso como sou, disse que estava fora pois não faria tal interpretação com um "figurino" absurdo como ele havia proposto, só que antes de eu me distanciar dele naquele dia, ele me desafiou a escrever algo melhor, e eu topei o desafio. Quando cheguei em casa, já comecei a escrever. Bom, estou nessa até hoje, porque nenhuma das minhas histórias grandes foi terminada para que eu pudesse apresentá-la como adversária à história dele, que teve continuações, mas não tão boas quando a 1ª. Pois é, foi um desafio de um amigo no fundamental 2 que fez minha mente se abrir para o universo literário.
A 2ª não chega a ser tão dramática quando a 1ª, mas também é um marco importante: os alunos da escola normalmente alugavam, na biblioteca, os livros que eram necessários para as provas, raramente alugavam um pelo prazer de lê-los (o que acho um erro terrível). Eu, na época não muito diferente dos outros, alugava, normalmente, livros só para as provas, até chegar a prova do livro "A Droga da Obediência", de Pedro Bandeira, livro que me interessei muito, e quando soube que era uma série, ai que fiquei mesmo estimulado a lê-la (Livros da série "Os Karas"[grupo adolescente principal das obras]: "A Droga da Obediência", "Pântano de Sangue", "Anjo da Morte", "A Droga do Amor" e "Droga de Americana"). Após terminar essa série, fiquei curioso para ver o que mais Pedro Bandeira havia escrito, então alugava e leia vários livros dele. Descobri então um excelente autor de histórias infanto-juvenis, só que chegou uma hora em que as obras dele disponíveis na biblioteca acabaram, então comecei a ler obras que estavam perto das obras dele na estante, também obras infanto-juvenis muito boas. Eu lia tanto (pois tinha muito tempo livre) que num dia só cheguei a alugar (e terminar) três livros, impressionando a bibliotecária, que falou com a coordenação e rapidamente fizeram uma matéria sobre mim para o site do colégio, em que escrevi algumas palavras bonitas, achando que nenhum autor as leria. Doce ilusão...
Não sei se no ano seguinte ou no mesmo ano, um dia antes do Dia das Crianças, uma amiga da minha mãe (e minha também) ligou pra minha casa de noite, dizendo que no canal tal o Pedro Bandeira, juntamente com o Ziraldo, estavam dando uma entrevista, e então eu e minha mãe começamos a assistir. Passado um tempo, eles disseram que estariam na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos dando autógrafos e tal, então eu e minha mãe resolvemos ir, mas o problema é que ela havia imprimido a matéria da escola sobre minha assiduidade literária e resolveu levá-la, e eu, idiota que fui, falei que estava tudo bem em ela levar. Chegando lá, minha mãe comprou três livros (todos do Pedro Bandeira, mas com um deles ilustrado pelo Ziraldo) para que eles autografarem. No meio da fila notei a merda que fiz deixando minha mãe levar a tal matéria, e quando chegou minha vez de ganhar os autógrafos, começou o diálogo:
-Seu nome? - perguntou Pedro Bandeira
-Bárbaro - respondi eu
-Bárbaro? Nossa, que nome diferente!
E batíamos papo: eu, minha mãe, Pedro Bandeira e o Ziraldo, enquanto autografavam outros livros. Minha mãe perguntou sobre o 6º livro da série "Os Karas" ("A Droga Virtual") que dizia ter sido escrito pelo Pedro Bandeira, e ele explicou que não escrevera o livro, e que possivelmente não escreveria, pois se tratava de tecnologia, então seria difícil escrever, pois pouco tempo depois já poderia ser obsoleta, fazendo a obra perder força:
-Ah, deixa de besteira! - intrometeu-se o Ziraldo - Escreve logo esse livro cara!
Papo vai, papo vem, e finalmente minha mãe mostrou a matéria ao Pedro Bandeira, a ele, meu autor brasileiro favorito. Ele leria aquelas palavras bonitas e melosas que escrevi julgando que nenhum autor profissional leria, muito menos meu autor favorito!:
-Ei Ziraldo, lê isso aqui - disse o Pedro Bandeira, passando a folha ao Ziraldo - Olha só o que ele escreveu
-Puxa, você escreveu isso? - perguntou Ziraldo, parecendo um pouco surpreso, após ler
-Sim... - disse eu, timida e envergonhadamente
-Puxa, isso é muito bom! - disse Ziraldo, com Pedro Bandeira concordando ao seu lado
Me elogiaram muito e me incentivaram ao ouvirem minha mãe dizer que queria ser escritor, e até hoje tenho os livros autografados por eles: "Grande abraço, Bárbaro, dos seus amigos Pedro Bandeira e Ziraldo"
Esses são os dois grandes motivos das minha paixões de ler e de escrever, o começo do 2º não foi dramático, mas o final com certeza foi (não é?). Continuo escrevendo histórias até hoje, já pensei em várias histórias, em centenas, pra falar a verdade, mas poucas realmente eu comecei a escrever, mas ainda busco realizar meu sonho de um dia, quem sabe, virar um escritor profissional e publicar vários livros (não sei se como profissão, mas gostaria muito de fazer isso). Por isso eu digo: escrevam. Leiam. Sobre qualquer coisa, sobre o que vocês gostam ou não gostam, alguns podem até dizer que está ruim e coisa e tal, mas sempre haverá alguém que gostará do que você escrever, por isso escrevam para que, talvez, este que vos escreve possa ser uma dessas pessoas que apreciam as histórias de vocês.
Grande abraço, do seu amigo Bárbaro.